terça-feira, 14 de junho de 2011

LENDA DE ANHANGÁ A ALMA DO MATO



Anhangá - Alma do Mato


Do tupi-guarani, "anhang", significando: ang - ALMA e nhã - CORRER; ou seja, "uma alma que corre".
O Anhangá é portanto, um espírito, e como tal, "invisível" que vive e corre nas matas, protegendo os animais e seus filhotes.


O Anhangá pode apresentar-se sob a forma de um pássaro (galinha do mato), rato (soiá), morcego, macaco (jurupá). É também identificado como um veado branco com olhos de fogo com uma cruz no meio da testa, dotado de espírito andarilho, com a missão de proteger os animaizinhos nos prados, mas principalmente as fêmeas prenhas. Se bem que seja essa sua aparição mais comum, encontram-se no fabulário da região norte diferentes formas de sua presença: Mira-anhangá, Tatu-anhangá, Suasu-anhangá, Tapiira-anhangá, ou seja, visagem de gente, de tatu, de veado e de boi.
Em qualquer caso e qualquer que seja visto, ouvido ou pressentido, o Anhangá traz para aquele que o vê, ouve ou pressente certo prenúncio de desgraça, e os lugares que se conhecem como freqüentados por ele são mal-assombrados.
Nas cartas dos padres José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim fala-se de Anhanga como de um espírito malfazejo, temido pelos indígenas. O certo era atormentar os viventes. Onde a mesma assobia, a caça desaparece como por encanto. Para evitá-la, deve-se acender foguetes com duas ou três cargas, antes de entrar na mata. Outra maneira, é a defumação com a castanha de caju ou ainda, a maneira mais fácil, é fazer uma cruz de madeira encontrada na própria mata.
O caçador desprevenido que que aproximar-se o anhangá achando que é um veado e tentar abatê-lo, terá uma desagradável surpresa, pois expelindo fogo pelos olhos, o atacará com incontrolável fúria, despertando um pavor de morte.


A LENDA :
Os negros Ba Kamba contam que um caçador encontrou dois antílopes que estragavam sua roça, e matou a fêmea e levou-a para a aldeia.
Apesar de morta, esfolada, preparada, levada para o fogo, a antílope conservava a voz humana e perguntou para onde a levam. Assando, ainda fala. Quem comeu da antílope morreu. Sacudiram o resto no mato. Imediatamente o corpo se recompôs e a antílope, sã e completa, reganhou, numa carreira veloz, a floresta.


A crença geral é que um veado, saindo do mato, anuncia um acontecimento grave...se não for abatido com um tiro certeiro. Os Ba Kamba dormem em redes e durante a noite, uma fogueira permanece acesa ao lado da rede. E, mesmo para fazer suas necessidades, os selvagens não gostam de sair das cabanas sem levar uma tocha, tamanho o medo que sentem do demônio chamado por eles de Anhangá, que acreditam ver com freqüência.


Eu é que não vou para a mata tirar essa história à limpo!

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